Disclaimer: Publico retrospectivas despretensiosas e descontraídas desde 2016 e achei que seria importante escrever uma também para 2020. Gostaria de registrar, no entanto, todo o meu respeito e pesar pelas milhares de vidas perdidas e famílias enlutadas nesse ano tão avassalador.
O mundo parou diante de um inimigo microscópico. Austrália, Amazônia, Pantanal e Califórnia arderam em chamas. Já a explosão em Beirute foi causada por negligência e corrupção. O Amapá ficou no escuro. Biden é o novo presidente dos EUA. O apoio de Bolsonaro não valeu de muita coisa nas eleições municipais. O Brasil instituiu o ministro da Saúde freelancer. Sérgio Moro agora trabalha em uma consultoria que atende a Odebrecht. Crivella e Queiroz estão em prisão domiciliar, mas ainda não sabemos por que Michelle recebeu 89 mil do ex-motorista de Flávio. André do Rap foi solto e agora está foragido.
32 de janeiro de 2020 e eu achando que nada poderia ser mais preocupante do que a possibilidade de uma 3ª Guerra Mundial. Alguém ainda se lembra das vespas assassinas? E do Motim da PM no Ceará? Com ou sem histórico de atleta, as aglomerações ganharam do Desafio da Rasteira no quesito irresponsabilidade. Tipo criar uma naja em casa ou tomar cloroquina sem o médico receitar. Depois do chilique de Regina Duarte, já estamos no quinto secretário da Cultura. E as editoras que lutem para sobreviver em um ano em que perdemos Quino, Ken Robinson, Rubem Fonseca e John le Carré.
Em tempos de novelas reprisadas o BBB é rei! Parabéns, Thelma! Parasita foi o grande vencedor do Oscar e nós fomos representados por uma Democracia em Vertigem. É óbvio que O Poço gerou muita discussão, mas quem roubou a cena na Netflix foi a Beth Harmon. Ficamos tão felizes com a chegada do Disney Plus que até perdoamos o live action de Mulan. Saudades de ir ao cinema, né, minha filha? Naya Rivera e o Pantera Negra nos deixaram cedo demais. Também demos adeus a Sean Connery, Zé do Caixão, Chica Xavier, Flávio Migliaccio, Nicette Bruno e o eterno Louro José.
Em 2020, aprendemos que até o Papa pode perder a paciência de vez em quando. Ivete fez live de pijama e a final de A Fazenda foi mais disputada que papel higiênico no supermercado. O novo normal é composto de muitas pessoas usando máscara no queixo. Você fez pão na quarentena? Whindersson e Luísa se separaram e o príncipe Harry e Meghan deixaram a família real. Fátima Bernardes está com câncer e Marcius Melhem foi denunciado por assédio sexual. Na música, nos despedimos de Ennio Morricone, Moraes Moreira, Aldir Blanc, Vanusa e Paulinho do Roupa Nova.
Entre o medo das previsões de Atila e a indignação pelo “estupro culposo”, o jeito foi rir com a Cabeleleila Leila para não chorar. Não teve Olimpíadas. Ronaldinho Gaúcho foi preso. Carol Solberg gritou “fora Bolsonaro!”. Hamilton foi heptacampeão para mostrar que algumas coisas nunca mudam. O mundo chorou a morte de Maradona e a partida precoce de Kobe Bryant e sua filha. O esporte lamentou ainda os falecimentos de Fernando Vanucci e Paulo Rossi.
Mais de 180 mil brasileiros perderam a vida por causa da “gripezinha”. A vacina já está chegando ao Brasil, mas se você virar jacaré por conta dela é problema seu, tá okei? Gabinete do ódio? CPI das fake news? Corona Voucher? Nota de 200 reais? Temos. Guedes se chateou porque até empregada doméstica estava indo para a Disney, mas a pandemia e o dólar beirando os 6 reais deram um jeito nessa "anomalia". O que é circuit breaker? Você já fez um Pix? A Selic caiu para 2%, bem na minha vez de investir no Tesouro Direto!
Mil dias. Quem mandou matar Marielle e Anderson? Cidadão, não! Engenheiro civil, melhor do que você! George Floyd, João Pedro, até quando? Vidas negras importam. O meu lugar de fala é o de alguém que ainda tem muito a aprender sobre o racismo estrutural. A Magalu lançou um programa de trainee só para negros e adquiriu a Estante Virtual. O Facebook comprou a Giphy e a Salesforce é a nova dona do Slack. O Quibi não durou 6 meses e o iPhone agora vem sem carregador. Parece que só o Zoom tem motivos para comemorar.
Acaba, 2020! Vem 2021! Só não me venha em formato de reprise, viu?
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